Palácio de Mateus
O Palácio de Mateus, nos arredores de Vila Real, é uma casa solarenga de grande elegância e uma das maiores expressões da arquitectura civil do Barroco nortenho, possuindo ainda belos jardins e extensas propriedades vinículas circundantes. Data de 1619 a sua construção original, mas o palácio actual está ligado à pessoa de António José Botelho Mourão, seu proprietário em 1721, sabendo-se por documentação coeva que o renovado palácio foi concluído em 1750 pelo seu filho, D. Luís António Mourão.
Robert Smith atribuiu ao arquitecto italiano Nicolau Nasoni a responsabilidade pelo projecto do Solar de Mateus. De acordo ainda com este historiador de arte, Nasoni terá remodelado um palácio já construído, pois as compridas e planas alas configuram-se de modo diferente face à exuberância do pátio da entrada.
O edifício é constituído por três corpos, sendo o central recuado. A fachada principal apresenta grandes janelas com frontões triangulares simples e outros ondulados e interrompidos por concheado. Num dinâmico jogo barroco, o arquitecto recorre ao contraste entre superfícies côncavas e convexas, com formas ascendentes e descendentes, balaustrada convergente e divergente. As linhas túrgidas horizontais são interrompidas por um coroamento de estátuas de vulto perfeito e pináculos, acentuando as linhas verticais do conjunto. Exuberância e requinte dos pormenores esculpidos, combinando com a artificiosa e engenhosa escadaria dupla, compõem o conjunto nobre da fachada solarenga.
A entrada dá acesso a uma sala central, daí divergindo para os quartos e demais dependências do solar. Os seus interiores, dispostos de modo a proporcionar maior privacidade, apresentam excepcionais tectos forrados por painéis trapezoidais em madeira. De grande qualidade é o mobiliário que decora os vários compartimentos
da casa.
Os jardins, delineados com verdejante buxo e pontuados por canteiros florais, estão magnificamente arranjados, proporcionando a série de terraços adjacentes agradável visão sobre os vinhedos em redor.
O cenário arquitectónico do Solar de Mateus tornou-se famoso em todo o mundo através dos rótulos do conhecido vinho rosé, baptizado com a mesma denominação da propriedade onde é produzido.
Biblioteca da Palácio de Mateus
O espaço actualmente ocupado pela Biblioteca foi adequado em meados do século XX por D. Francisco de Albuquerque tornando-se num símbolo da dedicação às letras e à aquisição do conhecimento que foi apanágio dos sucessivos representantes da Casa de Mateus.
Nesta sala, que ocupa o lugar central da ala norte da Casa, reúnem-se muitos dos livros de uma família, que desde sempre, teve forte implantação, na Universidade, na Igreja e na Magistratura (…) e com preocupações de cultura, pelo menos livresca, conforme demonstrou o estudo recente de Vasco Graça Moura.
Local de visita obrigatória tanto para o turista como para os participantes nas actividades culturais da Fundação, a Biblioteca alberga mais de seis mil volumes, dos quais 459 constituem o núcleo de livro antigo.
Aqui é possível consultar-se obras de teor religioso, histórico e jurídico, desde os Clássicos aos Modernos.
A partir de 2001, com o apoio do FEDER, e num claro esforço de valorização, a Biblioteca foi alvo de tratamento descritivo e de restauro tendo sido construída uma base de dados contendo 6087 fichas catalográficas, disponível para consulta nos links abaixo representados.
Neste âmbito, foram ainda publicados o “Catálogo de Obras Impressas nos séculos XVI, XVII e XVIII”, em 2005, o “Catálogo das Obras Impressas nos séculos XIX e XX “e o CD-Rom, em 2006.
O espaço é também dedicado a D. José Maria do Carmo de Sousa Botelho Mourão e Vasconcelos, conhecido nos salões literários por Morgado de Mateus, e à sua famosa edição d’Os Lusíadas dada à estampa em 1817, sendo possível contemplar as provas tipográficas, as chapas originais em cobre e demais documentos relativos à edição.
Sem comentários:
Enviar um comentário