terça-feira, 8 de junho de 2010

Mosteiro de Singeverga

HISTÓRIA DE SINGEVERGA

É o único mosteiro masculino que, em Portugal, segue a Regra de S. Bento. 
Foi fundado em 25/1/1892 na freguesia de Roriz, Santo Tirso, por monges vindos de Cucujães, onde se iniciara a restauração da vida beneditina, após a extinção das Ordens Religiosas, em 1834.

Como ainda viviam os fundadores, os monges instalaram-se nas dependências agrícolas da quinta de Singeverga, mercê da doação feita pela família Gouveia Azevedo à Ordem Beneditina.·
Com a proclamação da República, tiveram de se dispersar e exilar, em Maredesous (Bélgica) e, sobretudo, em Samos (Galiza). Ficou apenas, como capelão da família fundadora, o Pe. Manuel Baptista de Oliveira Ramos, o qual após a elevação de SINGEVERGA ao grau de Priorado Conventual, foi nomeado Prior pela Santa Sé, em 9 de Maio de 1922.

Entretanto, os monges regressados de Samos (1926), foram instalar-se na Falperra (Braga) para não comprometerem, com qualquer resolução apressada, tudo quanto a prudência do Padre Baptista Ramos tinha conseguido salvar.
No dia 15 de Abril de 1931, visto que a ordem política, iniciada em 1926, sob o comando do General Gomes da Costa, vingava em Portugal, impondo a normalidade e dando liberdade à Igreja e suas instituições, a comunidade deixa a Falperra e vem para Singeverga, onde se inicia em pleno a vida monástica em conventual.

Singeverga foi elevada a Abadia em 1/6/1938, tendo como primeiro Abade D. Plácido Ferreira de Carvalho (1938-1948).
Seguiu-se-lhe D. Gabriel de Sousa (1948-1966+1996), último abade vitalício. 
De 1966 a 1969 a Abadia foi governada por um Prior Administrador, o Pe. Geraldo Coelho Dias. 
Em 1969 foi eleito abade temporário, D. Teodoro Monteiro (1969-1977 +1995), D. Lourenço Moreira da Silva (1977-1993).
De 1993 a 1995 a Abadia foi governada, de novo, por um Prior Administrador, o Pe. João Lucas Dias. 
De 1995 até ao presente é Abade D. Luís Bernardo Sacadura Botte Aranha que governa uma comunidade de 36 monges e suas casas dependentes.

A introdução da regra de S. Bento no território português, como documento normativo de disciplina monástica, fez-se a partir do Concílio de Coyanza (1050/55?), Leão, Espanha, embora já fosse conhecida como documento de espiritualidade. Aderiram, então, à beneditização diversos mosteiros de observância autóctone (Regra de S. Frutuoso) na região do Entre Douro e Minho. Alguns monges, vindos de França (S. Geraldo de Braga e D. Bernardo de Coimbra), foram sagrados bispos, mas, durante a Idade Média, os beneditinos experimentaram certo relaxamento, atingidos sobretudo pela praga dos abades comendatários, que levaram os conventos à ruína.



Depois do Concílio de Trento(1563), após algumas tentativas de reforma, seria o rei D. Sebastião a favorecer a reformação monástica. Com o auxílio dos monges reformados de Castela, graças à acção de Fr. Pedro de Chaves e Fr. Plácido Vilalobos, o Papa Pio V, com bulas de 1566 e 1567, executadas pelo Cardeal D. Henrique, instituiu a “Congregação dos Monges Negros de S. Bento dos Reinos de Portugal”. A partir do Mosteiro de Tibães, regido pelo Abade Geral com Capítulo Geral e abades trienais, a Congregação fundou mosteiros em Lisboa, Santarém e Porto, para além de reformar alguns dos já existentes, contando 22 abadias na Metrópole e estendendo-se para o Brasil desde 1580/81, onde contou 11 mosteiros: Baía, Rio de Janeiro, Olinda, Paraíba, S. Paulo, Brotas, etc. A partir da instituição da Congregação, monges portugueses restauraram os mosteiros, reformaram a disciplina e observância monásticas, entregaram-se ao estudo, mesmo na Universidade, e à pregação, até que, em 28-30/5/1834, se deu a extinção das Ordens Religiosas pelo Liberalismo.

Painéis da Sala do Capítulo, da autoria de Cláudio Pastro
(fotografia de Maria João Ruiz e Tiago Noutel-Fontes)

Explicação do painel:

Estes dois painéis constituem um só.
O primeiro apresenta a formação do monaquismo em Portugal e da nacionalidade portuguesa. 
O segundo, a formação da Congregação Beneditina até Singeverga
Esteticamente, o painel tem um grande elemento básico que é a videira, no estilo do esmalte de Limoges, que foi um trabalho característico dos monges, na Idade Média, sobretudo a partir de Cluny; à direita, faixas, adornos, galões, com a videira e pássaros, a lembrar as igrejas barrocas. Esta videira é o símbolo de Cristo, símbolo da unidade (unidade do monaquismo, unidade nacional). Ela é interceptada nalguns pontos, particularmente em 1834 e 1910
Finalmente, na extrema direita, em baixo, encontra-se uma pequena videira, mais natural, que se confunde com os corpos dos primeiros monges que aqui chegaram. Com ela pretende-se dizer que Singeverga retoma esta videira e, portanto a unidade

Montagem fotográfica dos dois painéis na Sala do Capítulo


A restauração monástica na época moderna começou por obra e graça dum monge do Rio de Janeiro, de nacionalidade portuguesa, D. Fr. João de Santa Gertrudes Leite de Amorim (1818-1894), primeiro e transitoriamente em Paço de Sousa (1865), depois, em definitivo, no antigo mosteiro de Cucujães (1875), feito Priorado Conventual (29/7/1876) e elevado a abadia (8/6/1888). Foi daqui que, ajudados por monges de Beuron, vieram fundar Singeverga e, depois de anos sob a tutela do Mosteiro de S. Paulo Extra-Muros, Roma, se integraram na Congregação de Beuron em 1904, donde passariam, em 1931, para a Congregação da Anunciação.

Os monges de Singeverga patrocinaram a fundação dos mosteiros de beneditinas:
- Mosteiro de Santa Escolástica, Roriz, Santo Tirso
- Mosteiro das Beneditinas Missionárias de Tutzing, Baltar (Paredes).



Casa dos Fundadores


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