"Os Retornados"
A obra conta as aventuras de Ricardo, um peruano que passou sua infância e adolescência a desejar morar em Paris. E quando consegue o que quer, reencontra sua paixão de juventude peruana: Lilly. Ela entra no grupo de esquerda revolucionária que deseja dar um golpe de estado semelhante ao de Fidel no Peru. A partir daí, a amada de Ricardo transforma-se em várias personagens, com diferentes maridos e identidades, passando por Londres, Paris, Tóquio e Madrid, com todas as mudanças sociais e históricas como pano de fundo. |
Outubro, 1975. Quando o avião levantou voo deixando para trás a baía de Luanda, Carlos Jorge tentou a todo o custo controlar a emoção. Em Angola deixava um pedaço de terra e de vida. Acompanhado pela mulher e filhos, partia rumo ao desconhecido. A uma pátria que não era a sua.
Joana não ficou indiferente ao drama dos passageiros que sobrelotavam o voo 233. O mais difícil da sua carreira como hospedeira. No meio de tanta tristeza, Joana não conseguia esquecer o olhar firme e decidido de Carlos Jorge. Não percebia porquê, mas aquele homem perturbava-a profundamente.
Despertava-a para a dura realidade da descolonização portuguesa e para um novo sentimento que só viria a ser desvendado vinte e sete anos mais tarde.
Foram milhares os portugueses que entre 1974 e 1975 fizeram a maior ponte área de que há memória em Portugal. Em Angola, a luta pelo poder entre os movimentos independentistas espalhou o terror e a morte por um país outrora considerado a jóia do império português. Naquela espiral de violência, não havia outra solução senão abandonar tudo. Emprego, casa, terras, fábricas, amigos de sempre. Partir e recomeçar uma nova vida em Portugal que os recebia com desconfiança e um carimbo de «retornados».
Joana não ficou indiferente ao drama dos passageiros que sobrelotavam o voo 233. O mais difícil da sua carreira como hospedeira. No meio de tanta tristeza, Joana não conseguia esquecer o olhar firme e decidido de Carlos Jorge. Não percebia porquê, mas aquele homem perturbava-a profundamente.
Despertava-a para a dura realidade da descolonização portuguesa e para um novo sentimento que só viria a ser desvendado vinte e sete anos mais tarde.
Foram milhares os portugueses que entre 1974 e 1975 fizeram a maior ponte área de que há memória em Portugal. Em Angola, a luta pelo poder entre os movimentos independentistas espalhou o terror e a morte por um país outrora considerado a jóia do império português. Naquela espiral de violência, não havia outra solução senão abandonar tudo. Emprego, casa, terras, fábricas, amigos de sempre. Partir e recomeçar uma nova vida em Portugal que os recebia com desconfiança e um carimbo de «retornados».
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